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Aos felizes e alegres, aos tristes e aflitos

Machado de Assis, o genial escritor brasileiro, um dia, desejou fazer um poema sobre o Natal, mas não lhe veio a inspiração. As palavras não chegavam até a folha branca à sua frente. O famoso soneto de Natal lembra esse momento: "Um homem - era aquela noite amiga/ Noite cristã, berço do Nazareno, Ao relembrar os dias de pequeno/ E a viva dança, e a lépida cantiga,/ Quis transportar ao verso doce e ameno/ As sensações da sua idade antiga,/Naquela mesma velha noite amiga,/ Noite cristã, berço do Nazareno. Escolheu o soneto... A folha branca/ Pede-lhe inspiração, mas, frouxa e manca,/ A pena não acode ao gesto seu. / E, em vão lutando contra o metro adverso, / Só lhe saiu este pequeno verso: "Mudaria o Natal ou mudei eu?"

Anos atrás, diante do computador, tentei escrever sobre o Natal. Minha neta Valentina, à época com 10 anos, aluna do Colégio Marista, me fizera um pedido: "Vô, escreve uma crônica sobre o Natal para nós lermos na festa do Colégio." Experimentei, então, o que Machado de Assis já experimentara: como lembrar à minha neta os natais da minha infância? Como viver de novo "as sensações da minha idade antiga"? Como dizer do encanto que sentia e falar de coisas bonitas, sem lembrar o mundo em que vivemos? Comecei, então, a escrever uma crônica, uma mensagem de Natal. Homens e mulheres, jovens e crianças do mundo, que hoje estais muito tristes: Feliz Natal!

Por que não atirar fora o que nos entristece, o que nos aflige? Por que não imitar os navios, em alto mar, ou os aviões, lá nas alturas, que precisam, quando em perigo, perder peso para continuar a viagem? Vamos atirar fora o inútil, o imprestável, o desnecessário. Vamos pedir perdão a nós mesmos, pedir e dar perdão aos que nos amam, vamos atirar fora as mágoas, as angústias e tristezas, vamos ficar mais leves, mais felizes. Homens e mulheres, jovens e crianças do mundo, que hoje estais alegres, Feliz Natal!

Por que não repartir com quem amamos e com todos os homens de boa vontade as boas notícias, os afetos, os abraços, os beijos de carinho? Há tantos que deles precisam! Como é bom estar na vida dos outros, contar com a presença dos outros na nossa vida. Por isso, é preciso levar e receber ternura, fraternidade, bons sentimentos! O Natal será mais bonito se nós ficarmos mais bonitos por dentro, mais felizes! Foi assim, naquela noite feliz, em que Jesus nasceu e os anjos cantaram: Paz na terra a todos os homens de boa vontade!

Tristes e aflitos, alegres e felizes! Apesar da pandemia, neste tempo de Natal, reunidos, cantaremos a canção do amor, da paz, da justiça. Juntos, sonharemos com um mundo melhor em 2022, mais humano e justo. Que o Deus presente ontem na gruta de Belém, hoje habite em nossos corações e no coração do mundo.

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